A leitura e a produção textual teorizadas no currículo e praticadas no cotidiano por meio do lúdico

Resumo

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A conscientização da relevância do hábito da leitura se reforça com a prática. Desta forma, os educadores constituem uma especial relevância na formação do leitor, corroborando com a afirmação de Freire quanto “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”. Compreendendo a leitura e a produção textual como atividades socialmente valorizadas, defende-se sua teoria e prática nos currículos acadêmicos, sobretudo no do curso de graduação em Pedagogia. Assim, considerando os objetivos da disciplina “Leitura e Produção de Textos” cuja ementa proposta contempla conteúdos a fim de favorecer a ampliação da competência comunicativa dos graduandos. Enquanto educadores, a inquietação pela leitura e pela produção textual é necessária para que os graduandos perpetuem esta prática quando em seu fazer docente.

A inquietação refere-se muito mais que uma determinação à leitura, mas uma motivação que pode ser estimulada por diferentes sentidos. Neste trabalho busca-se compartilhar a experiência do incentivo à produção textual motivada a partir da compreensão da leitura como essencial ao processo ensino-aprendizagem, cuja provocação aos alunos se dá por diferentes leituras, métodos e recursos propiciadores para o hábito de ler. Este é um resumo das atividades realizadas com os graduandos de Pedagogia da Universidade Federal Fluminense – Instituto de Educação de Angra dos Reis (IEAR) que culminou em produção de material pedagógico por meio das Fábulas. O gênero textual Fábula foi destacado em razão de ter sido o gênero unanimemente descontraído, agraciado, inicialmente por sua leveza e, em seguida, revelando seu forte teor de criticidade em que cumpre um valoroso papel na afirmação da relevância de uma formação de leitores, gerando conhecimentos para os/ as estudantes. Os referidos textos, como uma composição artística, remetem à experiência social e proposições para se viver. Sobre isso, temos acompanhado questões delicadas com as quais estamos tentando lidar, como o preconceito e a discriminação (política, de línguas, religiosa, econômica, de gênero, entre outras). As fábulas geraram o atravessamento de tais problemas e convocaram, à sua maneira, como se deve lidar com a convivência, incluindo aspirações, valores e expectativas. As produções dos docentes revelaram-se uma rede criativa e corajosa, a qual já está gerando frutos para além dos textos, enfrentando desafios relacionados com as desigualdades. Desobedecendo aos produtos curriculares enlatados e às normativas engabinetadas, as produções textuais por meio do gênero fábulas convocam ao envolvimento pedagógico e político, mobilizado por uma linguagem tão expressiva e poderosa quanto a escrita. Assim, podem coincidir em alguns aspectos com documentos oficiais, mas geram opções que questionam, ainda que nas entrelinhas, uma dura realidade que é parte do ensino no país, em tempos da globalização multidimensional. Realidade desigual, explicitada nas trinta fábulas compostas pelos graduandos de Pedagogia envolvidos na composição.

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