Qual a sua inspiração para ser professora?

Resumo XI

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PROFESSORA? POR QUÊ?

Após anos em sala de aula e atuando na educação, a oportunidade como Formadora Municipal do LEEI – Leitura e Escrita na Educação Infantil 19, provocou várias reflexões.
Dentre elas, um retorno ao motivo pelo qual me tornei professora e como este processo se deu. Este saudosismo com sabor de memória, infância, família e cultura provocado pela Formadora Estadual Gabriela Barreto da Silva Scramingnon 20 remeteu ao início desta nossa jornada me iniciada pela inspiração na atuação da minha amada genitora.

Minha mãe, professora da educação infantil, foi responsável por minha alfabetização e, na escola, os conhecimentos eram reforçados além de, principalmente, a interação com os colegas. Meu pai, não dispunha de muitos recursos para comprar brinquedos e materiais de apoio pedagógico. Mas entendendo a nossa brincadeira de criança, presenteou-nos a mim e minhas duas irmãs, com um grande quadro negro e gizes coloridos. Essa fase da infância foi tão marcante que me trouxe à poesia por meio da qual a seguir responderei a estas questões que motivam esta carta. Quanto a poesia, ressalto o merecido destaque à minha avó materna, Maria José de Lima, quem recitava versos desde a minha infância. E, até seu falecimento, 2022, seus olhos refletiam a beleza dos aprendizados dos quais me lembro com grande emoção. Mas esta história fica para uma outra oportunidade. Anos correram e eu sempre atuava nos grupos de trabalho com colegas de classe na escola ou em minha casa.

Mamãe sempre gostou de receber meus amigos, como até hoje gosta! Sua forma doce, suave e ao mesmo tempo muito atenta e astuta sempre me causaram grande admiração. Tal sentimento me direcionou à formação de professores. Residir próximo a escola contribuiu ao meu envolvimento com as diversas atividades, eventos, representação de turmas e tudo o que envolvesse educação: ensinoaprendizagem, metodologias, comportamento humano, infraestrutura escolar, profissionais de apoio, educadores. Ao final do curso eu não me imaginava de outra forma que não fosse dando continuidade ao processo de aprendizagem e, portanto, percebi que deveria me manter no ensino. Anos depois conheci o sr Antonio Gramsci, o qual muito admiro. Entre tantos ensinamentos que escreveu, destacou-se um deles acerca da relação professor-aluno a qual me encantou por autoidentificação e me mantém contagiada até então. Desta forma, nestes versos que seguem tento responder com clareza às questões inicialmente apresentadas.

Poema: Como e por que me tornei professora?
COMO
estava nos primeiros passos
brincadeiras com sucata 
tinham cores e formas
desconsertavam e voltavam ao compasso
objetos que construía
que só pra mim sentido faria.
com outra percepção se deu
quando as letras eram desenhos
que coloridos representavam sons.
nas mãos da mãe as figuras brincavam
cortava, colava e dava outros tons
chamou-as de sílabas
e brincávamos de rir.
vi que sozinhas, as vogais tristonhas
com consonantes precisavam interagir,
e sobre o papel sem cor a mãe provocaria
eu coloria a sorrir.
certo dia papai chegou
e um grande presente na parede fixou.
de tão verde parecia a mata

e bastões coloridos nele podia tingir
de tão alto me obrigava
nas pontas dos pés ficar
e de joelhos eu descia
para desde sua base minhas letras começar
crianças chegavam de lá e de cá.
vizinhos e primos queriam brincar
os colocava sentados no chão
e ali começava a jogar de ensinar.
e assim foi…
pela descoberta das letras com a mãe
colorindo, montando e desmontando pra ler
por meio do pai a brincadeira completava
quando as crianças amontoavam
e dali dizia que ensinava a escrever

POR QUÊ
na escola aprendia
conversando com a “tia”
que a todo tempo me chamava
porque parada eu não ficava.
seu tom medo não causava
porque tia Heralda tranquila sempre estava.
me pedia para ajudar na sala
e no recreio eu podia ter minha fala.
assim descobria uma nova ação
entre professor-aluno uma relação,
de origem não genética
mas de natureza dialética.
então pude conhecer
que “todo professor é sempre aluno e
todo aluno, professor, pode ser”
estas palavras do sr Antonio
que em suas cartas eu pude ler
para me preparar e entender
inquietações deste universo do saber.
assim com Gramsci um pouco mais entendi
por que docente eu me vi e o coração aquiesci.

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