Resumo:
Este texto tem como objetivo refletir a respeito da didatização dos Adinkra no Brasil. Através de um referencial pós-estruturalista e pós-colonialista, evoca uma abordagem multicultural radicalmente democrática, a qual preconiza a abertura à diferença, não como sinônimo de diversidade, mas sim como dispositivo para que o novo possa entrar no mundo. O argumento é que os símbolos Adinkra, produção que remonta aos povos Asante e Akan, atualmente à Gana, nos coloca diante de uma abertura de sentidos na impossibilidade da tradução. A produção pedagógica estudada, a qual nos serviu de objeto de análise, busca contribuir com a luta antirracista e descolonizadora que preconiza a Lei 10639/2003. No entanto, apresenta rastros de paradigma eurocentralizado. Com a leitura discursiva, podemos inferir que as propostas podem estar contribuindo com o que se espera combater, se esquivando da dimensão política/performativa da ideia de “cultura africana”. Nos textos didáticos estudados, raça e etnia não são termos debatidos. Os estudos na área, portanto, podem avançar nesse sentido. Todavia, em vez de desmerecer iniciativas de professores e jovens pesquisadores, este texto quer apontar a necessidade de mais estudos e revisões constantes a respeito de um universo sobre o qual sabemos muito pouco que são as múltiplas culturas em África, além de ressaltar a preocupação com desafios e limitações em relação ao tema.